Durante séculos, os símbolos e sinais Celtas detinham um incrível poder para os antigos celtas em todos os sentidos da vida. Hoje, podemos aprender sobre esse poder e utilizá-lo, compreendendo a linguagem dos símbolos celtas.
Pelo mundo mágico dos símbolos e seus significados, podemos dizer, que de um modo geral, os símbolos celtas estão associados às espirais da vida e ao número três, tido como sagrado na cultura celta. Desde as formas mais simples às mais compostas, encontraremos um padrão exato de movimentos centrífugos e centrípetos, representando movimentos internos e externos ligados aos ciclos do homem e aos fenômenos da natureza. Os símbolos celtas, geralmente, são formados de espirais simples, duplas e triplos.
As manifestações artísticas celtas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega etrusca e romana). Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos. Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e motivos entalhados. A influência da arte celta está ainda presente nas iluminuras medievais irlandesas e em muitas manifestações do folclore do noroeste europeu, na música e arquitetura de boa parte da Europa ocidental. Também muitos dos contos e mitos populares do ocidente europeu têm origem na cultura dos celtas.
A escrita, desenvolvida tardiamente (alfabeto ogâmico), era considerada mágica, e somente os seus sacerdotes a aprendiam, os famosos druidas. Antes disto, toda a cultura era passada oralmente e, por isso, muito do que sabemos hoje é uma mínima parte da real contribuição deste povo para a humanidade e ainda assim misturada com o paganismo clássico e com o cristianismo.
Nós Celtas
Existem poucas informações à respeito dos nós e de sua exata simbologia de acordo com cada tipo de dobradura. Mas o que pode concluir a partir do que se tem é que os celtas exprimiam com este tipo de desenho a ideia de que tudo está ligado, amarrado e de forma simbiótica, a evolução de todos se dá de forma conjunta. É um símbolo da igualdade de essências e da interconexão de toda a vida (como vindo de uma coisa só).
Claddagh
Como quase tudo o que se tem da cultura dos celtas, a simbologia do Anel Claddagh está inserida em uma lenda: Por volta do século XVI um jovem ourives apaixonado de Galway chamado Richard Joyce foi raptado por piratas. Pensando na sua donzela, ele desenhou um anel para expressar o que ele sentia. Consistia num coração, como expressão do amor, uma coroa como sua lealdade e em mãos como amizade. Ao retornar após cinco anos, ficou extasiado ao saber que ela não havia se casado, e a presenteou com o anel. O Claddagh tem sido considerado um presente de casamento desde então. Outras lendas dizem que o desenho foi trazido das Cruzadas por um rapaz capturado pelos Sarracenos. Qualquer que seja a história, se tornou um forte símbolo de afeição. O coração no centro do desenho representa o amor, as mãos que o circundam representam a amizade, e a coroa em cima (se presente) simboliza fidelidade. Os Claddagh são usados na mão esquerda, virados para o corpo, se seu coração já foi conquistado. Se não, usa-se o anel na mão direita, virado para a unha.
Cruz Celta
O Símbolo da cruz, bem mais antigo que o cristianismo era uma das principais formas de expressão artística entre os celtas. É seguida em sua base por um círculo, que representa a unicidade e o ciclo eterno. Associada à coragem e ao heroísmo, a cruz celta ajuda a superar obstáculos e a conquistar vitórias graças aos próprios esforços. Atrai reconhecimento, fama e riqueza, mas essas bênçãos só são garantidas para quem trabalha com afinco e dedicação. Por isso, a cruz celta também concede força de vontade e disposição. A divindade relacionada a esse talismã é Lug, o Senhor da Criação na mitologia celta.
Triquetra
É um símbolo usado na magia, na bruxaria e na Wicca, e representam as três faces da Grande Mãe, a energia criadora do universo, cujas três faces são a Virgem, a Mãe e a Anciã. Também representava as estações do ano, que antigamente era dividido em três fases, primavera, verão e inverno. A triquetra, em latim triquætra, é similar a um tríscele e pode ser interpretada como uma representação do Infinito nas três dimensões ou a Eternidade. Era um símbolo muito comum na civilização Celta devido o seu enorme poder de proteção. Encontrado inscrito em pedras, capacetes e armaduras de guerra, era interpretado como a interconexão e interpenetração dos níveis Físico, Mental e Espiritual. O círculo no meio, assim como no pentagrama, representa a perfeição e a precisão. Plagiado pelo Cristianismo, este símbolo passou a representar a trindade cristã, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Triskelion ou Triskel
Triskelion é considerado um antigo símbolo indo-europeu, palavra de origem grega, que literalmente significa "três pernas", e, de fato, este símbolo nos lembra três pernas correndo ou três pontas curvadas, uma referência ao movimento da vida e do universo. Na cultura celta é dedicado à Manannán Mac Lir, o Senhor dos Portais entre os mundos.
Tudo indica que o número três era considerado sagrado pelos celtas, reforçando o conceito da triplicidade e da cosmologia celta de: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior.
O triskelion também é conhecido por triskle ou triskele, tríscele, triskel, threefold ou espiral tripla, e possui dois grandes aspectos principais de simbolismo implícitos em sua representação, que são:
- Simbologia ligada ao constante movimento de ir, representando: a ação, o progresso, a evolução, a criação e os ciclos de crescimento.
- Simbologia ligada às representações da triplicidade: Corpo, Mente e Espírito; Passado, Presente e Futuro; Primavera, Verão e Inverno... Os ciclos de transformação.
Os nós celtas são variantes entrelaçadas de símbolos do mundo pré-céltico, germânico e céltico.
Representação dos Três Reinos
O número três nos liga aos reinos do Céu, da Terra e do Mar – elementos que compunham o mundo celta – e por sua vez, formavam os Três Reinos, vistos da seguinte forma:
- O Céu, que está sobre nossa cabeça e nos oferece o Sol, a Lua, as estrelas e as chuvas que fertilizam a terra. Representa a luz, a inspiração (o fogo na cabeça) e os Deuses da criação.
- A Terra, que está sob nossos pés e nos dá o alimento, nos abriga e faz tudo crescer - são as raízes fortes das árvores. Representa o solo, a raíz e os Espíritos da Natureza.
- O Mar, é a água que está em nós, representa o Portal para o Outro Mundo, que sacia a sede e nos dá a vida - sem a água tudo perece e morre. Representa os seres feéricos, a água e os Ancestrais.
Sendo os três elementos interdependentes, onde cada um possui seu significado próprio, mas que dependem um do outro para continuar existindo, permitido assim, que o nosso mundo também exista em perfeita interação.
Essa cosmologia não-dualista é bem diferente dos quatros elementos da visão grega, pois os celtas viam tudo na forma de tríades. Os três reinos representam locais onde há vida e o fogo é a alma que caminha entre eles. Além disso, cada reino era relacionado a um grande caldeirão sustentado por três pernas, que por sua vez, possuíam três atributos diferentes.
Apesar de não haver um mito de criação como outras culturas indo-europeias, havia entre eles a ideia dos Três Mundos, como citamos anteriormente, descritos como:
- O Mundo Celestial: onde as energias cósmicas como o Sol, a Lua e o vento se movem. Associado aos Deuses da criação.
- O Mundo Intermediário: onde nós e a natureza vivemos. Associado aos espíritos da natureza.
- O Submundo: onde os ancestrais e os seres feéricos vivem. Associado ao Outro Mundo.
Portanto, as três pontas do triskelion eram associadas aos Três Reinos ou aos Três Mundos e ao fluxo das estações. E, numa versão moderna, às três fases da Lua vistas no céu: Crescente, Cheia e Minguante.
Com as mesmas características observadas nas espirais, seu movimento a partir do centro, pode ser descrito como no sentido horário ou anti-horário. Simbolicamente, o sentido horário: representa a expansão e crescimento e o sentido anti-horário: a proteção e o recolhimento.
"Tendo em consideração o número três, símbolo sagrado dos Celtas, o qual tanto se apresenta com a forma de tríade como de triskel, a tripla espiral que, girando à volta de um ponto central, simboliza por excelência o universo em expansão." Jean Markale - A Grande Epopéia dos Celtas.
De um modo geral este símbolo está associado ao crescimento pessoal, ao desenvolvimento humano, o fluir da consciência e da expansão espiritual.
Triluna
A Triluna representa os aspectos da Deusa; Virgem, Mãe e Anciã. O símbolo começou a ser utilizado com o surgimento da Wicca e das correntes New Age e neopagãs, e não possui relatos muito significativos entre povos antigos. Os antigos povos que adoravam deusas lunares comumente desenhavam círculos ou semi círculos (meia luas) como alusão a lua, mas não exatamente da forma como a triluna. É atualmente muito usado pelas correntes neopagãs para simbolizar a polaridade feminina, tida como grande mãe, e seus aspectos de transformação em relação à lua, Virgem-lua crescente; Mãe – Lua Cheia e Anciã – Lua Negra. Serve como símbolo da Deusa e como um evocador de bênçãos da mesma.
Triquetra, Triskle e Triluna
As três fases divinas da mulher: A Donzela, A Mãe e A Anciã, foram altamente cultuadas por esta civilização. Também representam as três fases do ciclo da vida: nascer, viver e morrer e ainda os três mundos conhecidos: a terra, o céu e o mar. No ser humano representam o corpo, a mente e o espírito, bem como a interconexão e interpenetração dos níveis Físicos, Mental e Espiritual. Os Celtas consideravam o três como um número sagrado. A antiga divisão do ano em três estações – primavera, verão e inverno – pode ter tido seu efeito na triplicação de uma deusa da fertilidade com a qual o curso das estações era associado. Também associada às três fases da Lua.
Espirais Celtas
As espirais celtas encontradas em antigos sítios arqueológicos, conforme pesquisas, também são representações exatas de configurações planetárias visíveis, de estrelas mais brilhantes, de eclipses solares e lunares. Os povos antigos viam o tempo como uma roda, um círculo, sem começo e nem fim. As espirais celtas são encontradas em vários artefatos e construções antigas. Geralmente, representam o equilíbrio do universo dentro de nós, ou seja, o equilíbrio espiritual interior e a consciência exterior. Elas formam um padrão que começa pelo centro e se deslocam para fora ou para dentro, conforme a sua configuração.
As espirais com movimentos no sentido horário estão associadas ao Sol e a harmonia com a Terra ou movimentos que representam à expansão e à atração, em relação ao centro. Por outro lado, as espirais com movimentos no sentido anti-horário estão associadas à manipulação dos elementos da natureza e aos encantamentos que visam à interiorização e à transmutação de energias, assim como a proteção.
Lembrando que entre os celtas, mover-se em torno de um objeto em sentido anti-horário era considerado como mau agouro.
"As Espirais da Vida" que representam, de um modo geral, o ciclo da vida, da morte e do renascimento. As espirais da vida são belas representações da eternidade da alma!
Awen
Símbolo da triplicidade, cada um dos pontos são as posições do sol nascente no Solstício de inverno, nos Equinócios e no solstício de Verão, as linhas ou raios parte da luz do sol, que estimula a vida e dá inspiração. Símbolo do Druidismo moderno representa a inspiração e as três classes druídicas: Bardos, Ovates e Druidas. Também pode ser representado como o primeiro e terceiro raio que representa a energia masculina e feminina. O raio médio representa o equilíbrio de ambas às energias e o símbolo de fogo Arwen é o símbolo com os 3 raios para baixo.
Cinco Vezes
Esse padrão também representa o equilíbrio. Os quatro círculos externos simbolizam os quatro elementos: terra, fogo, água, ar. O círculo do meio une todos os elementos com o objetivo de alcançar o equilíbrio entre os quatro elementos ou energias.
Árvore da Vida
As árvores por si sós já eram sagradas para os Druidas. Este símbolo representa também a transmutação e o regresso ao mesmo ponto, um ciclo interminável e natural, pelo fato de as raízes e a copa estarem unidas. Podemos retirar também a relação com os Mundos (Supramundo, Mundo e Submundo). O fato de o Superior e o Inferior estarem unidos por nós nada mais é que a afirmação “o que há em cima, há em baixo”. As árvores, além de guardar os mistérios do universo, são os portais para o mundo dos Deuses. Elas representam o equilíbrio e elo entre os elementos da natureza. A Yggdrassil para os Nórdicos era uma árvore colossal que sustentava todos os mundos e reinos. Os druidas cultuavam o mesmo e por isso que eram os “Sábios das Árvores”.
A palavra Druida significa “Aquele que tem conhecimento do Carvalho”.
O carvalho, nesta acepção, por ser uma das mais antigas e destacadas árvores de uma floresta, representa simbolicamente todas as demais. Ou seja, quem tem o conhecimento do carvalho possui o saber de todas as árvores.
É importante dissociar as palavras “Druida” de “Celta” porque muita gente faz confusão. Celta é o nome do povo, enquanto Druida é o nome dado a uma casta de sacerdotes especiais que viviam entre os celtas e agiam como conselheiros destes. É a mesma relação entre “judeus” e “rabinos”.
A ligação dos Druidas com as Árvores se dá ao tratamento de respeito e troca que se praticava nos tempos antigos, sabendo-se que a madeira era o único combustível, usada também na construção de casas. A madeira era utilizada com respeito e honra, compreendida como sagrada e mantedora da vida.
A vida cotidiana de um Druida estava apoiada na estrita subserviência a estas regras e na observação da natureza, onde descobriram os usos medicinais; o respeito pelos bosques como lugares sagrados era outra de suas ocupações, para o qual contaram com o apoio da aristocracia militar das comunidades celtas.
O hermetismo destes ritos, assim como seu caráter oral, fazia com que a capacidade mais admirada pelos druidas fosse sua memória, por isso seus sucessores na tribo deviam se destacar desde jovens nesse sentido, além de jurar honrar sempre aos deuses (o conhecimento era secreto), não obrar imprudentemente e estar sempre disponíveis para os serviços que demandasse a comunidade.
Fontes: Templo de Avalon; Caminho Celta