Os destinos atrelados de Os destinos atrelados de Aquiles e Heitor
Aquiles era filho de Tétis, que o mergulhou nas águas do rio Esfinge tornando-o invulnerável, exceto pelo seu calcanhar, por onde sua mãe o segurou. O calcanhar de Aquiles era seu ponto fraco. Heitor era filho de Priamo, rei de Troia, e no mais famoso confronto da Guerra de Troia, Aquiles, o maior guerreiro de todos os tempos, venceu facilmente o mais valoroso dos troianos, que era Heitor.
Aquiles se recusava a participar da guerra, porém seu grande amigo Pátroclo furta-lhe a armadura e vai para o campo de batalha onde acabou por encontrar a morte nas mãos de Heitor, que pensava estar lutando com Aquiles. Enlouquecido de dor pela perda de seu amigo, Aquiles saltou sem armas para o campo de batalha e num bramido demente e insano, só pensou em vingar-se e investiu sobre Heitor matando-o.
Não satisfeito em matá-lo, Aquiles amarrou o corpo de Heitor no seu carro e o arrastou pelo pó da planície até o acampamento grego, onde o deixou insepulto para ser devorado pelos cães famintos que rondavam o campo de batalha. Do alto das muralhas os troianos assistiram estarrecidos seu herói ser morto por Aquiles, mas ninguém se desesperou mais do que seu pai, o velho rei Príamo, por não poder dar ao seu filho um digno funeral.
No Olimpo os deuses também se indignaram com o triste fim de Heitor, pois ele era um homem justo, um grande guerreiro e não merecia esse derradeiro ultraje. A uma ordem de Zeus, o cadáver do herói foi coberto por um bálsamo divino que impedia a putrefação. Íris a deusa mensageira, foi sugerir a Príamo que oferecesse um rico resgate pelo corpo, como era costume entre os gregos, enquanto a deusa Tétis, mãe de Aquiles, foi até sua tenda para convencê-lo a devolver Heitor à sua família.
Príamo deixou a cidade e dirigiu-se ao acampamento grego, com uma carreta pesada de riquezas. Hermes, o deus dos caminhos, guiou-o na escuridão até o campo inimigo. Lá, Hermes adormeceu os guardas e o carro pode passar desapercebido, deixando Príamo frente à tenda de Aquiles, que surpreendeu-se quando o velho rei surgiu à sua frente, de joelhos a suplicar: " Dá o meu Heitor de volta, Aquiles! Pensa no teu pai, que também deve ter cabelos brancos e deve te amar como eu amei meu filho!"
Ouvindo essas palavras, Aquiles lembrou com tristeza que seu pai, o velho Peleu, devia estar de longe, lá na Grécia, esperando seu retorno, sem saber que o oráculo havia predito que ele não voltaria de Tróia. Comovido, ele tomou as mãos de Príamo, e os dois, frente a frente, unidos pelo mesmo sentimento de dor e solidão, irromperam num pranto comum que veio encher a imensidão daquela noite com os seus soluços, não mais como dois inimigos, mas como dois simples homens que choravam a infinita saudade de todos os pais e de todos os filhos que nunca mais irão se ver.
Este é o tema central da cena magistral que Homero escolheu para encerrar sua Ilíada e o restante seria contado na Odisséia. Após a morte de Heitor, muitos aliados ajudaram os troianos. Aquiles foi morto por uma flecha que o atingiu justamente no calcanhar, lançada por Páris, o filho recém nascido que o rei Priamo havia abandonado nas montanhas, e que motivou a Guerra e a destruição de Troia.
O corpo de Aquiles foi resgatado com grande dificuldade pelos gregos. Sua mãe havia profetizado que ele poderia escolher entre dois destinos: lutar em Troia, alcançar a glória eterna mas morrer jovem; ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas sendo logo esquecido. Aquiles preferiu a Gloria....
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